quinta-feira, 1 de setembro de 2016

cobalto

O mar que trazes nos olhos
detonam em sobressalto
as pedras que tentam esconder
(por medo ou por bobagem?)
segredo da tuas praias.

Se desfaz o recorte
o mapa astral
do samba e do rock
diferença banal.

Vamos escalar o céu da prainha
tatuar vênus em escorpião
descobrir as constelações
nas nuvens de algodão.

a imensidão dos olhos cobalto
é poesia das ondas que arrebentam
o azul do teu mar incauto.







quarta-feira, 27 de julho de 2016

12 minutos
pra você visualizar 
a mensagem

não adianta roubar 
meus olhos
pegar no meu pau

se teu amor foge
em meu corpo
desalinha tesão.
a minha dor
Já é
avenida

se sambalançou nas pontas
dos pés da mulata
em que teu sorriso
já fez esquina

exatamente ali
minha lágrima de samba
anoiteceu carnaval

a chuva de confete
e o escambau
se desfez nosso laço
nosso mal.



domingo, 10 de julho de 2016

a última é sempre a primeira
estrofe!
Não me venha com verso.

"- Garçom, a saideira!"

os corações redobram carinho
samba de ladeira
na garganta um espinho
Tantos segredos guardam a saideira.

nunca mais!
um poema se faz
pra uma vida inteira
e eu
sigo na paz.

me venha com versos
de coração aberto

"-Garçom, a saideira!"

terça-feira, 5 de julho de 2016

com o tempo a beleza se esvai
ficam apenas seu rastro na pele
o padrão é nódoa,
peça do tempo.

com o tempo a palavra se vai
permanecem alguns verbos
o poema é papel embolorado
peça de prateleira.

com o tempo o amor cai
fica alguns verbos,
poucas palavras e o poema
peça do tempo,
beleza é nódoa
da prateleira embolorada.

domingo, 26 de junho de 2016

quando diz-se verso
a poesia atravesso
se há amor
eu meço.


eu gosto dos teus olhos
amoras
cor da vida
o que há em nós
alento
acanto doutrora.

Persisto em dizer
onde peito transborda
e faz do rio
encontro com mar
enfurece nosso amor

ah... as conchas,
as pedras brincando com a água
os peixes nascendo sol
as correntezas mudando
de lugar.

nosso amor é guerra
de olhar firme
da tua cintura quebrante
coração a batucar
dizendo
falando
mentindo.

meu desejo preta
se é que me entende
como joão gilberto
e jacques morelenbaum
como é bom despertar
quando o céu é
aqui.


quinta-feira, 23 de junho de 2016

O amor é incivilizável

O amor é incivilizável, 
atemporal. 
Traz consigo a desobediência civil, 
o paradoxo da humanidade. 
Não existe conceito 
delimitação quando o amor acontece. 

           O amor é verdadeiramente anárquico, 
não segue lógica e não racional
 deuses são deuses porque não se pensam
já diria Fernando Pessoa.

O amor é um louco varrido. 
Não faz morada no conceito de vínculo,
 nem nos conceitos que estruturam 
nossa civilização e sociedade. 

O amor corre fora do discurso 
do texto em que insisto escrever 
 alcunhar poesia.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Meu Deus é Samba

há de concordar comigo
que o mistério do samba
e fazer o coração batucar

meu povo bamba
brasil pandeiro
o samba é nossa religião

pagã e crua
unguento,
couro curandeiro
me conduz
meus pés traduz
sua realeza
matriz africana
hoje repique
surdo
tamborim
pandeiro
mora na
palma da mão.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

nós

nós,
artistas temos que
respeitar nossa alma
nosso destino.

temos a missão de desconstruir
a obrigação de entortar as linhas
da fada realidade.

lotear o mar 
pintar o muro da cor
dos olhos da mulata.

nós,
poetas,
temos que levantar a onda
da poesia,
desterrar o poema
e deixar o beijo durar.
desatar os nós,
atar a nós a existência
a sintaxe e o verbo.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Alforrio-me escravo
Labuto ao cair do véu
No seu rosto vermelho sol
Pousarei borboleta
E se teus lábios revelam-se cais
Partirei daí
Sua mucosa rala
Timoneiro
Faço-me seus
olhos marejam
Inundam mar.
Comi
Juro que comi
e ela é linda
tem seus olhos pintados
e escalei seus montes
que monte!
Desbravei a gruta
em que havia uma mulher sem orifício
Fiz ali um sacrifício
deleitei-me em suas corredeiras
e na floreira 
fiz-me espinho
devorei
afoito
escroto,
como um besouro a uma boa folha viva
e como um bom animal 
gozei
olhando o céu
como somos felizes?
não tinha cigarro.

inverno de 2011.
A ponte
delimita o rio
nas correntes da noite
tão raro de se ver
aponta o destino
a frente
Mar
Marginal das ondas.

in.completo de novembro de 2012
vento
teus beijos tem este sabor
completo
inside words
não são lacunosos
uma linha imaginária
sonrisa de viento
que podem existir
ou ser
dilacerado por este poema.

escritos in.completos de 2013.
Juro não escrever mais
sobre amor.
sou poeta
minto e amo demais.

domingo, 15 de maio de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

Preta,

Esse mar que traz gingado
onda que quebra em sua leveza
Explode em seu corpo levado
salpicando a pele em grãos de beleza.

Assim a marola do teu texto
Arrebenta em mim
E eu reviro tuas gavetas
Pretexto é poesia sem fim.

Eu sei que escondes em teu verso
E em cada letra que estampa
Como as estrelas caladas do universo.

Trazes consigo um velho samba
A recíproca nula e a pergunta
Que descansam no teu mar bamba.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

das Torres

No forte da Guarita
os olhos de Gaudi
acende a chama
que chama 
um índio
uma maria.

Surgiste ali,
água de cores de Delville
teu bálsamo
lágrimas de Ocarapoti.

Tens asas pra dançar
e ser esculpida nas areias
da Itapeva
te amo ladeira abaixo
feito Mampituba.

Vadia!
Me arreganha esses montes
dá teu beijo mar
e eu fico bobo
tempera meu coração
tentando fazer samba,
mesmo sem tocar violão.

sábado, 16 de abril de 2016

esse verso
em sua espinha

essa samba
em sua cadência

esse poema
em sua métrica

guarda inteiro em si
a casa que
explodimos no sorriso
do domingo.
o que tens nos olhos
rasos
feito mar
não dizes nada.

ouvi você dizer saudade
silêncio e afeto
naquele vento que odeias
ventilador.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

terça-feira, 12 de abril de 2016

morte

o sopro do infinito
o beijo cálido da morte
fazem entender o universo
temos que concordar
quando samba acaba
e subtrai sorriso da mulata
a vida voltar a ser como ela é
cada qual em sua caduca engrenagem
não há o que contestar
a morte é a solução da filosofia
o epitáfio da existência
a religião de nós
amantes descrentes
a morte é um abraço
que a vida necessariamente pede
as mãos do coveiro
o música surda da pá
o cimento frio
o tijolo duro de alma
a morte é
a nossa falta de si
o mar tingido de céu
a onda quebrando por si só
nosso samba canção
que ensaiamos a a vida inteira
para dançar na amplidão.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Nós amantes
somos uma máquina de expectativa
O oco da voz da ilusão
um grito surdo na amplidão

Ventos no varal
e os lençóis engravidam
na expectativa de novas direções
esquecem a solidão do prendedor.

 - recolha as roupas Luís.

É tempo de amar
Um beijo e a certeza do não
O afago e a impossibilidade do sim
Ai de quem não rasgue o coração.








Notas sobre coração, amor e arte

- O que impulsiona a vida? 
- Veja pela lógica Luís, quem impulsiona a vida é o coração. Sua função vital de distribuir vida ao nosso organismo.
- E o amor?
- O amor impulsiona o coração, mas no sentido figurado, me entende?
- Figurado no sentido literal?
- Figurado, figura de linguagem.
- Isso é arte. A arte que impulsiona a vida.
- A vida impulsiona a arte.
- E o coração?
- Ah, há muito segredos sobre ele.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

vasculho a memória
assim como as nuvens
as silhuetas do céu
a poesia veste
meus passos

o porta retrato imóvel
calado e branco 
da estante

abro a porta
abro a torneira
corro.

é preciso parar
de ser 
cara e coroa

ter a cara 
e peito suficiente
deixar transbordar o mar

ter a coroa
seu brilho fugaz 
sabedoria real.

o perfume invade a casa...