segunda-feira, 14 de junho de 2010

carícias de Calipso

Vamos fazer uma falésia
Dominar a esfera
Arquitetar castelo
Que o mar possa tragá-lo
E que possamos construir além disso
Vamos brincar com as galáxias
Pular de estrela em estrela
Esconder nosso medo
Vácuo do espaço
aliviamos a quimera
Vamos sintonizar todas antenas
Nosso flerte
Esqueça do ontem
Vamos bulir o tempo
Segundos,
Perpetuar as horas
Fluidez a era
Que corre pelo ralo.

domingo, 13 de junho de 2010

Corpo a corpo

Corpos no chão
Agonizando desejo
Corpos pedindo
Partido em leitos
Suplicando piedade
Pedem fria beleza
Corpos esboçam danças
Pedem tormento na alma
Bailam eufóricos
Corpos traçados ao meio
Imploram à genética
Perfeição
Artelhos beliscam
Cadáver jazido
Franco carente
Corpos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

defeitos são morangos saborosos

Quando pensamos em atração sexual, nos arrebatamos na idéia nos atrai são qualidades do indivíduo em questão. Certo? Está, até que prove ao contrário. Nas teorias, nos primórdios e no mundo selvagem a fêmea prefere o macho que é maior, que traga maior segurança, seja o líder do bando. Levando para nós selvagens racionais, as mulheres preferem homens que se vestem bem (é isso é discutível), que tenho um bom carro, que sejam inteligentes – é, nem sempre isto é critério.
Que me leva a abrir uma discussão, é que, tenho percebido e com experiências pessoais e alheias, que, ultimamente estamos deixando o nosso traço de instinto de lado e os defeitos estão sendo bem mais atrativos. Canções como de Chico Buarque (Sob medida) – para quem gosta de MPB -, Lady Gaga ‘Bad romance’ – não precisa gostar de nenhum gênero musical, todo dia alguém canta ou deixa um rádio berrando a mais nova música da nova Madonna - , ou até mesmo no hit da banda Calcinha Preta ‘Você não vale nada’ também compartilham a mesma idéia.
Como podemos ser assim, dar asas à amores indulgentes carregados de tantos outros defeitos que arrepiam os pêlos mais escondidos do corpo. Será que nos seduz são as nossas mesmas imperfeições? Uma anedota do inconsciente?
Não são respostas que mudam o sabor destes amores, nem mesmo sua intensidade, são neles que há muito aprendizado. Só o amor causa revoluções em corações aflitos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Eu, samurai?

Sabores, músicas, cheiros deixam cicatrizes profundas na lembrança.
E por um lado é muito bom, porque quando nossos sentidos são aguçados, o sabor do momento retorna com fragmentos da memória ainda não degustados, deleitáveis instantes.
Pois bem, irei repartir um desses momentos com vocês:
Numa roda de amigos escutávamos ‘Samurai’ de Djavan. Uma música que para alguns não tinha significância nenhum, e alguns até murmuravam que a tal canção era brega, antiga, inaudível, - fico pensando o que é audível para eles - , eis que veio o dia do meu primeiro beijo. O primeiro beijo é sempre cômico.
Minhas pernas tremendo, minha língua rija, os olhos como flechas. Eis que os lábios feriram os alheios e singrei mares ainda desconhecidos. Foi segundos.
Após, abri a boca e vi que tinha pedaços de biscoito na boca, a garota tinha comido um pacote inteiro. Cuspi no chão. Comecei a rir. Sim, nunca tinha recebido comida na boca, salvo de minha mãe. Prometi que nunca mais beijaria na boca, minha jura fracassou.
Mas que tem haver a música? Cheguei em casa no mesmo dia e liguei o rádio, estava lá, Djavan me avisando que uma nova fase está chegando, seria eu um serviçal do amor, embora eles cretinos... ‘Mas eu tô tão feliz!/Dizem que o amor/Atrai...’