sexta-feira, 17 de maio de 2019

Será que ainda consigo Fazer um poema
Um poema de efeito
Desses de amor, cheios de defeitos.
(Viciado em rimas)
Tossindo rotinas!

Será que ainda consigo fazer poesia
Um samba de mesa
Batucada moleza.
(Viciando em rotinas)
Espirrando rimas.

Um samba tem que ter algo além da beleza.
E aqui estamos de coração - na mesa
Pensando em sonetos
esquecendo as esquinas.

Há em cada poema um engano
Um traje e um canto
Em que a noite esconde
E a lua, com espanto
Ilumina o choacalhar
Do bonde.

sábado, 30 de março de 2019

Os pés que andam
Feito oração 
Aí meu Deus! 
O que quer me dizer esse violão? 

As mãos espantam o breu
O coração batuca e canta
As histórias que alguém leu
Com alegria a tristeza a gente espanta!

As pernas ficam bambas
Na boca a língua santa
O que eu sinto é samba.



Acordei aperreado, 
Sonhei com tudo
E com todo,
Coração descompassado.
Abri a janela
O sol já brilhava danado,
A rua era tomada de gente
E tinha burburinho engraçado,
Não é que de repente
O dia viro noite
O sol entro em crise
E a lua tomou a frente
Ó minha virge, 
Mas o povo dá nome pra tudo
Falatório de tal de eclipse,
Era gente olhando pro céu
com chapa de quebradura
E fazendo cara de besta.
Degavarinho o dia surgiu de novo
Até passou a dore de cabeça
Eta mundo louco,
Até o sol tem seus dia

De pura agonia.

Beira do mar é a primeira linha
Da inepta inspiração do poeta
Que crê que nesse poema
Se transformará num profeta.

O poeta vasculha na areia
Feito pescador atrás de marisco
Como a isca para pintar
A negra com biquíni que confunde com mar.

Nesse momento que ele se entrega
Com sua escrita pede como numa prece
Que se acenda e infle a vela
Para caminhos além mar:

O mal olhado 
O mar leva,
O mal dizer 

O marulho dispersa.