sábado, 30 de março de 2019

Os pés que andam
Feito oração 
Aí meu Deus! 
O que quer me dizer esse violão? 

As mãos espantam o breu
O coração batuca e canta
As histórias que alguém leu
Com alegria a tristeza a gente espanta!

As pernas ficam bambas
Na boca a língua santa
O que eu sinto é samba.



Acordei aperreado, 
Sonhei com tudo
E com todo,
Coração descompassado.
Abri a janela
O sol já brilhava danado,
A rua era tomada de gente
E tinha burburinho engraçado,
Não é que de repente
O dia viro noite
O sol entro em crise
E a lua tomou a frente
Ó minha virge, 
Mas o povo dá nome pra tudo
Falatório de tal de eclipse,
Era gente olhando pro céu
com chapa de quebradura
E fazendo cara de besta.
Degavarinho o dia surgiu de novo
Até passou a dore de cabeça
Eta mundo louco,
Até o sol tem seus dia

De pura agonia.

Beira do mar é a primeira linha
Da inepta inspiração do poeta
Que crê que nesse poema
Se transformará num profeta.

O poeta vasculha na areia
Feito pescador atrás de marisco
Como a isca para pintar
A negra com biquíni que confunde com mar.

Nesse momento que ele se entrega
Com sua escrita pede como numa prece
Que se acenda e infle a vela
Para caminhos além mar:

O mal olhado 
O mar leva,
O mal dizer 

O marulho dispersa.